Saúde poderia, sim, ser pior

É recorrente que em cada município algumas pessoas arvorem a bandeira do discurso que 'só-está-ruim-porque-não-era-eu-quem-cuidava'. Esta métrica é mais repetida a cada troca de governo. Não sei até quando esse amadorismo vai ser mantido, mas, enfim, ele está aí de norte a sul do País. Em Campo Limpo Paulista, o que mais se diz é que a saúde teve 'dois médicos como gestores e está um descalabro'. O que dizem, os opositores de sempre e a situação de agora, é que em 16 anos, 'nada se fez', 'tudo se abandonou'.

Quando são apresentados dados referenciais com relação a outras cidades dentro da região que estão inseridos e faz-se lembrar que o problema da saúde não é uma questão pontual de município, mas, sim, uma crise federal, a turba se levanta contra dizendo, grosso modo, que 'não tem nada a ver com a cidade dos outros!'. Tenho até a sensação que essas pessoas vivem em um ilha ou até mesmo uma República Federativa Independente Municipal.

Há os que dizem que não seria possível estar em piores lençóis. E que todos os problemas têm um único culpado que não deve ser só criticado, deve ser, punido, malhado, execrado, "massacrado" publicamente. Entretanto, afirmo, sem medo de errar, que no caso específico de Campo Limpo Paulista poderíamos, sim, estar em piores lençóis.

Cobranças

Esta semana, os vereadores passaram a ser criticados por elevarem o tom do discurso na 4ª sessão ordinária realizada no dia 19 de março. Argumentam que dos dez, sete não novatos, mas moradores antigos da cidade. Contudo, ser cidadão há muito tempo só ajuda a compreender melhor o alcance de um problema, agora, estar na função legislativa não significa que vão conseguir mudar as regras de um jogo que é muito mais amplo, com muito mais jogadores que apenas a esfera municipal.

Políticas externas

O que fez mesmo o PT há 10 anos no governo federal? Há algum lugar neste país com ventos favoráveis na saúde? Se houver, me avisa, que estou indo pra lá. Existem critérios adotados pelo SUS para o repasse de verbas e destinação de equipamentos que não são úteis nem para cachorro, quanto mais para gente. O problema elementar é grana. Por isso o movimento Saúde Mais 10 está pleiteando o aumento de recursos para o setor.

Jarinu mesmo, de onde Campo Limpo "ganhou" tantos gestores, está há algumas primaveras para fazer funcionar uma Unidade de Pronto Atendimento que foi orçada em R$ 2 milhões. Campo Limpo tem o seu hospital ao custo de R$ 17 mi, sendo R$ 11 mi de recursos municipais. Faltam equipamentos? Sim. Mas, agora, não está mais em construção e a UTI que foi abertamente atacada pela oposição que agora é situação, eles mesmos já reconheceram que precisa do governo do Estado para custear. Exatamente o mesmo discurso de quem antes condenavam.

Considere-se, a tabela a seguir:


Inseri Francisco Morato, porque é corriqueiro o atendimento de pessoas de lá em Campo Limpo. Basta questionar qualquer profissional do Hospital de Clínicas. O mesmo é comum com os moradores de Várzea e Jarinú. Ou seja, os R$ 85,19 por habitante tem de ser rateado entre pacientes de outras cidades.

Tudo bem que o SUS é universal, mas por que Várzea, que figura como a terceira colocada no repasse deste fundo, apenas em 2012 iniciou a realização de partos e apenas este ano é que começou a realizar cirurgias de baixa complexidade? (notícia recente (clique aqui))

Discurso oco
Quando uso as cidades em volta como exemplo, parto do princípio que estamos numa cadeia que, infelizmente, nos engessa, e muito. Quem pleiteou tomar o poder, sabia ou deveria saber destas condições e, se atacasse, o fizesse sabendo como resolver.

Na verdade o ataque sempre foi gratuito e oco. Tanto que o descalabro é geral. Concluindo, o problema é grande, sim. Em Campo Limpo, poderia ser pior. Para melhorar, as variáveis dependem, claro, de boa gestão interna e também de mudanças imediatas na politica nacional de saúde pública.

 
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