Se todo mundo fala, eu também posso

Tem o vídeo com o depoimento de Paula Landucci, publicado no dia 15 de junho, 2 dias antes das maiores manifestações (bom que se frise) que ataca a quem está "contra" ou não apoia entusiasticamente à movimentação do dia 17 de junho.


Se falta-me coragem para ir às ruas e correr os riscos (reais ou não) de movimentos desta natureza, a tenho de sobra para me expressar em corrente contrária à euforia que parece se instalar.

Mesmo estando próximo do público que talvez leia e, com certeza, discorde de parte ou tudo que hora registro, não estou em busca do clube da concordância. Felizmente, nisso também está a democracia e um direito constitucional: "é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (Constituição Federal, art. 5º, inciso IV). 

Vamos lá:
1) Sou a favor da população estar em busca de moralização. Lindo, poético, politicamente correto, ideológico, libertário, necessário, obrigatório para que esta geração deixe seu marasmo. Contudo, o dia 17 de junho de 2013 não pode ser o fim, mas apenas um marco de uma mudança que precisa ser muito maior.

2) Se for para aplicar a lógica de que desastre e violência pode ser tolerado, logo, o mesmo seria verdade para ignorar o movimento. A corrupção dos governantes não pode ser respondida com destruição. Incendiar, depredar, quebrar ônibus, prédios públicos (que pertencem a todos), veículos privados, não são atos legítimos. Foram atos de minoria? Sim. Mas esta minoria pode ser aplacada pela maioria! Ou não?

3) A imensa maioria dos manifestantes saíram, sim, em paz. A televisão mostrou, sim, o início pacífico das caminhadas. Inclusive um jovem distribuindo flores brancas a PM's. Contudo, em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte, anti-cidadãos desviaram o foco do que realmente se quer.

4) O movimento totalmente pacífico obriga, sim, a mudança de comportamento, ou pelo menos o modo de perceber a sociedade, dos governantes. Os manifestantes pacíficos, ordeiros, sonhadores, e, mais que isso, construtores, falaram e muito bem por sinal, na Globo, Record, BandNews, nos sites. 

5) O vídeo do policial quebrando a própria viatura foi visto por 1 mais de um milhão, foi apresentado como prova às autoridades competentes? Não sou um apaixonado pela truculência da polícia, mas se a maioria dos manifestantes não devem ser rotulados como vândalos, o mesmo é verdade para os PMs.



6) Só levou borrachada quem quis destruir ou acobertar quem destruía. Os manifestantes ordeiros, repito, A IMENSA MAIORIA QUE PROTESTOU EM PAZ, VOLTOU SEM UM ARRANHÃO. Defender vândalo é ser tão bandido quanto eles. Com isso não defendo o agressor, mas também não vou pintar de herói a quem é bandido. Errou. Paga. Esteja de que lado estiver.

7) Não fui às manifestações e como os vândalos com placas de trânsito, postes arrancados, coquetéis molotov, pedras de mosaico português, paralelepípedos (as fotos não foram editadas em PhotoShop) podem brotar de qualquer buraco profundo do inferno, não vou. Sou covarde? Não. Sou prudente.
8) 5 de outubro deste ano é a data limite para:
a) Que todos os partidos políticos que pretendam participar das eleições de 2014 devem ter obtido registro de seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral (Lei nº 9.504/97, art. 4º).
b) Aqueles que pretendem ser candidatos a cargo eletivo nas eleições de 2014 devem ter domicílio eleitoral na circunscrição na qual desejam concorrer (Lei nº 9.504/97, art. 9º, caput).
c) Aqueles que pretendam ser candidatos a cargo eletivo nas eleições de 2014 devem estar com a filiação deferida no âmbito partidário, desde que o estatuto partidário não estabeleça prazo superior (Lei nº 9.504/97, art. 9º, caput e Lei nº 9.096/95, arts. 18 e 20, caput).

9) Considerando as informações do tópico 8, desta multidão que foi às ruas, quantos ainda vão defender o voto nulo ou a abstenção como forma de expressão? Quantos destes vão se filiar nos partidos que melhor representem suas ideologias (direita, esquerda, centro ou coisa que o valha) para, enfim, provocarem a moralização que desejam?

10) Louvável e assertiva a busca pela consolidação do movimento sem cor partidária. Membros do PSTU, PCO e PSOL que apareceram bom suas bandeiras tiveram de recolher e participar do movimento apenas com a cara. Pela natureza do evento, a restrição é legítima. Entretanto, o sistema que vivemos é de representação parlamentar que ocorre pelo pluripartidarismo. Logo, essa multidão vai se fazer representada pelos caminhos legais?
Teremos pessoas, preferencialmente jovens, saindo do meio da turba para ocupar os lugares dos corruptos de agora?

11) Em um dado momento do discurso inflamado, a apedeutazinha, no arroubo de sua revolta, chega a mandar que as pessoas desliguem a televisão e venham para a Internet (vide redes sociais) onde, segundo ela, não ocorre manipulação. Em que planeta virtual perfeito vive essa débil que quer vender-se genial?
Eis o vídeo que motivou minha manifestação:

 
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