A batalha ideológica com o Bolsa Família



Em resposta à imagem acima, considero que quem definia as "bolsas" como esmola era o próprio Lula. Acusava FHC de usar o benefício como cabresto. Puxa! Como as coisas mudam, não? 


A parte bonita do bolsa família é isso, sim: investimento social. Essa é a parte para ser lida, vendida, usada como argumento de defesa. Contudo, a parte prática é dita por quem está na base da pirâmide: "Lá na minha cidade, tem gente que não quer plantar mais porque recebe o bolsa família." Não li em nenhuma matéria, ouvi de um baiano dentro da minha cozinha.

É isso que condeno. Programas para distribuir de renda são obrigatórios. Contudo, a geração de renda também deve ser pensada. Se o governo só distribui, sem exigir contra-partida que custo social pagaremos? O surgimento de uma geração de indolentes? Formando um exército de dependentes? Aumentando a fila de quem tem o Estado como "Grande Pai"?

Prioridades
O Norte/Nordeste precisa, urgente, de investimento decente em irrigação e ou pecuária e agricultura sustentáveis. O século XX foi testemunha de siglas como Sudene e Sudam que surgiram para defender desenvolvimento e, em suma, virou apenas cabide. No caso da Sudene, era para levar água potável, fomentar a qualificação de mão de obra, melhorar a produção agrícola familiar, etc etc etc. 

Enquanto as siglas pululam aqui e acolá, a miséria se consolida, a dependência se aprofunda, e o Brasil que produz paga pelo que se recusa a produzir. Sarney, Renan, Calheiros são todos oriundos de lá. Sarney, inclusive, mesmo sendo maranhense, conseguiu ser eleito senador pelo PMDB do Amapá! Uau!

Abomino a política marxista de Heloísa Helena (PSOL), mas entre ela e Renan Calheiros, os alagoanos deviam ter optado por ela para representá-los no Senado. Em matéria de dignidade e caráter, nem é justo compará-la com o dito cujo.

Ainda em se tratando dos alagoanos, que amarga os piores índices de pobreza do País, conseguiram fazer Fernando Collor voltar ao Senado. A troco de que? Desenvolvimento? Investimento? Ou apenas garantia da "esmola nossa de cada dia"?


A fome como retórica

O apelo emotivo não é justificativa para engessar a nação a longo prazo. A comida deve chegar, sim, mas sempre "fácil"? Por que não investir, de verdade, em programa de irrigação? Sou nordestino de nascimento, natural de Ilhéus-BA. Conheço abundância de recursos hídricos e conheço também a aridez do Polígono da Seca. 

E foi lá que tirei pimentão no quintal de minha casa em um canteiro menor que muito jardim no sul do País. Apesar das muitas pedras, o solo é bom. Basta regar. Contudo, o que mais se vê? Terra seca a ermo, com rios caudalosos a apenas 66km de distância, como é o caso de Brumado e Livramento, no na região Sudoeste da Bahia.



Há exemplos fartos de êxito em Petrolina-PE onde a produção agrícola serve à exportação. Água do velho e bom "Chico". Queixo-me do comodismo a que se está submetendo milhares de brasileiros. Uma hora, a conta será pagar pelos acomodados e pelos não acomodados.

Investir em que?


Fui inquirido por um entusiasta das bolsas que me rotulou primeiro de "arrogante" e depois que respondi a um dos seus questionamentos fui chamado de "hipócrita". A pergunta  foi sobre o que fazer com o dinheiro do bolsa família se não distribuir tal como é feito.


Em 2012, o Governo Federal distribuiu R$ 148.799.757,06 no Bolsa Família. Não sei o que dá para fazer com isso em termos práticos, não sou economista, nem engenheiro civil. 

Cada região tem uma necessidade e uma solução com o seu custo específico. Mas, em 2011, segundo planejamento do MEC, com R$ 1,3 mi seria possível construir uma escola com área construída de 1.211,92 m², e capacidade para atender 120 alunos em um terreno de 40x70m. 

Uma UPA está estimada hoje, para Campo Limpo Paulista, por exemplo, em R$ 400 mil. De acordo com o Portal Brasil, do governo federal, para a construção de UBSs em municípios com até 50 mil habitantes, o valor é até R$ 200 mil e, em municípios com mais de 50 mil habitantes, o valor é até R$ 1,2 milhão. 

Ainda em 2011, o governo federal aplicou R$ 27.294.230,74 em Qualificação Social e Profissional, porquê não aumentar isso? De qualquer forma, o que relato são especulações.

Há regiões que não vai adiantar levantar a UBS, vai ser preciso ampliar e equipar as equipes que atuam pelo Programa de Saúde da Família. Em outras, o que precisam é somente a abertura de cisternas para que possam regar plantações e cuidar do gado em economias de subsistência. 

Morei no Polígono da Seca, carreguei água para suprir minha casa e sei que o nordestino pode, sim, produzir. Eu os vi produzindo sem recursos e sem incentivos. Se receberem isso podem fazer mais. 

Isso não significa que prego a extinção do benefício que facilita comer, uma necessidade vital. Mas que se injete mais recursos em outras áreas que não me parecem receber a mesma atenção.

Links:
Portal da Transparência - Governo Federal
Regras mais rígidas para obras em UBS's e UPA's
Projeto Padrão para construção de escolas

 
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