Eleições antecipadas, martírio prolongado



Sou plenamente a favor da extinção da reeleição, mandato único de 5 anos (não 6)
e um único pleito que defina de prefeito a presidente da República

Essa história de eleições a cada dois anos é um troço que tem me incomodada há bastante tempo. Embora, os deputados estaduais e federais estejam gastando nosso suado dinheirinho nas idas e vindas pelos seus possíveis “currais eleitorais” na pretensa possibilidade de canalizar uma emenda aqui outra acolá, daqui a pouco o Brasil vai parar de novo. 

Convênios só poderão ser celebrados até junho de 2014. O que assinarem até lá pode ser que vire realidade tangível durante a campanha eleitoral. De todo modo, como o prazo das filiações partidárias se encerraram na semana passada, as bravatas, negociatas, acordos, possibilidades, ascensões, quedas tudo vem à tona com uma antecipação incômoda. E são incômodas não porque compadeço-me de ninguém, mas porque são só mais conjecturas vazias.

Esse clima de “me-engana-que-eu-gosto” faz com que meu espírito democrático caia combalido na UTI. Ele se contorce, graças a gente boçal que vai subir em palanques para dizer em prosa e verso que se o povo tem fome, ele será pão; se tem sede, será água; se tem frio, será cobertor; se não tem onde morar, será abrigo; se falta segurança, ele será a própria Lei assegurando a liberdade e justiça para todos.

A demagogia –companhia obrigatória no ir e vir dos profissionais da política– provoca-me um mix de nojo, revolta, vergonha e culpa. 
Culpo-me por tantas vezes ter que me condicionar a ouvir, e não responder, acatar, e não denunciar, calar, e não gritar. São opções que, no meu subconsciente fazem surgir uma profunda vergonha, por admitir minha covardia. 

Espero, sinceramente, conseguir dar uma sobrevida ao meu espírito cívico. Ainda não sei como, mas estou disposto a tentar. Infelizmente, no meio do batalhão de gente que vai brotar das profundezas como solucionador de todas as demandas, terá gente que só está lá, vai tentar se manter ou tentará chegar (Assembleia Legislativa ou Congresso Nacional) porque se der uma enxada para limpar uma calçada com grama rala é possível que não consiga executar o serviço.

Há algum tempo, o rigor de pertencer à esquerda ou direita é coisa do passado. Faltam convicções plenas. Falta fidelidade a uma causa. Falta fidelidade a si mesmo. O que realmente importa é o poder a qualquer custo. 
Ainda que na prática a distinção tenha acabado, teoricamente, a divisão existe. Por isso, fico do lado do que chamam de direita, neoliberal entre outros rótulos. Se é o melhor lado? Para mim, hoje, é apenas mais um lado. 

Contudo, fico na tal direita, porque nunca apreciei a postura dos integrantes da tal esquerda, especialmente os radicais. Há esquerdistas com quem é possível conversar e crescer, com outros, porém, a única coisa que aflora em mim são os meus piores instintos.

Uma das questões mais irritantes para mim é que alguns integrantes da esquerda adotam a filosofia do “tá-tudo-ruim-mas-não-sei-fazer-ficar-bom”. Nisso, vale ser contra o tempo todo. Dizer que está errado, mas nunca sabe dizer, concretamente, qual é o certo. A tal direita, hoje no Brasil, também está meio assim, “do contra” só para dizer que pensa diferente. 

Para mim, nos últimos 10 anos, a esquerda deu provas cabais que todo o discurso do contra era apenas um jeito de chegar ao poder. Estando com ele na mão, mudou tudo o que dizia, e pior, repetiu o que condenava nos outros.
Mantenho-me cônscio que na tal direita tem mentiroso, boçal, demagogo com fartura. Vejo na direita todo tipo de patologia social como vejo na esquerda. Mesmo assim, fico com a direita porque, foi um ambiente onde já ouvi, argumentei, dei e recebi réplicas e tréplica. É um lado que permite o embate na tentativa de acertar. 

Diferente de um grande percentual esquerdista que se apresenta como pluralista na ponderação de opiniões, mas sempre vota pela expulsão dos membros que pensam contrário.

 
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