Cadê a coletiva para esclarecimentos?



Depois que o vice-prefeito Marcão veio a público em 25 de setembro, há 66 dias, foi dito por membros do séquito que o principal implicado viria a público, também em coletiva de imprensa, prestar os devidos esclarecimentos. Ainda não deu tempo de inventar respostas irrefutáveis? Ou se convenceram que a incompetência interna falou mais alto?

Dona Vergonha já recitou algumas vezes tanto que decorou a paródia inspirada no inigualável Carlos Drummond de Andrade. Como a única voz que ecoa sobre os indícios de irregularidades na emissão de notas fiscais continua sendo a do vice-prefeito, temos o direito de acreditar que ele, e apenas ele, está falando a verdade. Se houver manifestação do contraditório, vamos considerar o discurso e, provavelmente, continuar achando que o Marcão está certo. Mas pelo menos teremos alguma informação da parte contrária.

Por sugestão do David DeLira, vou só alterar do singular para o plural, visto que há uns soldadinhos de péssima qualidade criando fake que fala inglês e tem pai britânico desaparecido desde 2011.

"E agora, José's?

E agora, José's?
O vice falou,
a casa caiu,
o povo ouviu,
o verão esfriou,
e agora, José's?
e agora, vocês?
você que tem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que odeia, manieta?
e agora, José's?

Está sem resposta,
está sem discurso,
está sem rumo,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
o verão esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José's?

E agora, José's?
Sua débil palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José's, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você falasse…
Mas você não fala,
vocês são duros, José's!

Acuados no escuro
qual bichos-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
vocês se arrastam, José's!
José's, para onde?"

Ouça os versos originais na voz do próprio Drummond. Clique aqui.

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